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O carocho é uma das embarcações mais características do rio Minho. Nela sobrevive uma arcaica e elegante tipologia apenas referenciável neste curso de água, fruto de uma evolução e de um processo de mestiçagem construtiva fortemente marcado pelas técnicas de origem nórdica. A difusão desta tecnologia atribuiu-se aos vikings e normandos, a qual viria a cruzar-se, no noroeste peninsular, com elementos de feição mediterrânica. A história deste barco alongado, de casco trincado, remete essencialmente para a actividade piscatória e o transporte de bens e pessoas.

Em Lanhelas, povoação associada ao longo dos séculos à economia fluvial, memórias e tradições populares interligam-se inevitavelmente à história do rio. Uma historia rica de episódios de intensidade emocional e natureza muito diversa. E o carocho, relíquia do património etno-fluvial miniense, surge em tal contexto como um sólido e eficaz meio de navegação, e um singular ícone identitário a preservar. Ameaçado pelas mudanças de género de vida, a historia do carocho, nos últimos decénios, é uma história de decadência e até de iminente extinção.

A fim de contrariar esta tendência, a Junta da Freguesia de Lanhelas, secundada pela COREMA e a associação Barcos do Norte, promovem desde 2003 os Encontros de Embarcações Tradicionais. Um acontecimento modelo que soma temática ambiental e animação cultural, com regatas cortejos e evoluções dos barcos no rio, realização de colóquios e exposições. A gastronomia local, música e jogos tradicionais, complementaram a animação e a atmosfera convivial que marcou o intercâmbio entre espectadores e participantes nos encontros.






Barcas do Minho