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   Início > Rios em liberdade

Quando os rios já não são correntes de água em liberdade a vida que no seu interior tiveram está cativa nos poucos casos em que não desapareceu. A perda da biodiversidade natural determina a ruína de uma cultura ligada às ribeiras fluviais. À sucessão de presas e de barragens -sem os legalmente indispensáveis sistemas que permitam o remonte das espécies migratórias que subiam para desovar ou de juvenis- somamos a contaminação -lixos industriais, deficiente depuração de águas residuais dos núcleos habitados, pesticidas e abonos agrícolas-. Os poucos vizinhos que moram nas ribeiras, integrados no meio no passado recente, vem proibido o aproveitamento tradicional -por uma administração que prefere que a pesca seja destroçada pelas turbinas das centrais hidroeléctricas, não entende de extracção controlada, e mesmo escolhe repovoar com variedades alóctones que provocarão a médio prazo graves desequilíbrios no ecossistema fluvial-, no tempo em que as vilas e cidades medraram em muitos casos de costas aos rios.




Não ha lugar para o optimismo. Ainda que muitas deficiências se possam corrigir, o impacto de uma errada gestão dos recursos na segunda metade do século XX, seguindo o desarrolhismo imperante, não permite um vislumbro de esperança. A obra de maior abalo, tanto ambiental como sociocultural, foram as presas hidroeléctricas, com grande importância desde mediados da passada centúria, e com continuidade nos últimos anos, que provocaram uma ruptura no meio natural e social. E a planificação actual emprega mecanismos que burlam o controlo dos cidadãos. O despovoamento continuado, a maior ameaça do nosso tempo, fecha esta visão global sobre as ribeiras. Pouco mais podemos fazer que lembrar o passado, com actividades que os mais novos pensarão próprias do mar e impossíveis para os rios do interior. O único espaço de liberdade que lhes deixamos aos nossos rios é a transmissão patrimonial pela memória.




- As pesqueiras existentes no Estado espanhol -anotamos da Lei 7/1992, de 24 de Julho, de Pesca Fluvial- devem contar com uma autorização específica e individual, do mesmo jeito que as embarcações que se usem para pescar. Não se podem empregar artes de noite, nem redes, excepto nassas para enguias e lampreias, que contam com um regulamento próprio. As redes podem ser autorizadas para controlar espécies não salmónidas. Não se permitem aparelhos de fisga, menos nos casos autorizados para a lampreia desde pontes mobiles. Igualmente estão proibidos os palangres e as artes fixas (boitirões). Os ribeiraos, povoação dispersa, envelhecida e com escasso acesso aos canais de informação e comunicação, integrados e responsáveis no cuidado do contorno, e que muitas vezes suportam a deficiente educação ambiental dos amantes da pesca sobre os usos rio e as suas parcelas, opinariam se fossem consultados. Em qualquer caso, deve quedar suficientemente claro, o empobrecimento, recessão e desaparição de espécies em tramos altos e médios das correntes fluviais não foi devido ao emprego das artes de pesca tradicionais polos vizinhos do rio, pelo que é vergonhoso o trato recebido quando os verdadeiros culpáveis seguem sem cumprir as leis e regulamentos. Certamente não precisaram faze-lo, tendo assinado um convénio coa Xunta de Galiza que os exime da Lei de 1992 até o 2003 (neste último ano começa o funcionamento de um ascensor -custeado com fundos europeus, estraga-se no primeiro mês- para o remonte dos peixes na barragem da Frieira), mais tampouco foram rigorosos na aplicação da Lei de Pesca Fluvial de 20-2-1942, que protegia igualmente os rios.

- Lizancos Mora, Plácido, "Río e cidade", em 25 anos de Medio Ambiente e Ecoloxismo na Galiza, ADEGA, Santiago, 2000, pp. 63 a 71.

- Em informes sobre o impacto ambiental para minicentrais do concelho de Carvalhedo (Lugo), topamos recolhidas espécies autóctones na vegetação próprias de Andaluzia, o que revela o rigor com que são elaborados polos titulados que se limitam a copiar modelos de outras áreas. Os feitos foram denunciados, o que não impede que os projectos sejam aprovados e os técnicos assinem outros trabalhos com posterioridade. Tampouco se escutam as rações dos cinquenta científicos da Universidade de Santiago, motivadas pelo inadmissível impacto social e ambiental da especulação sobre os rios. Os alagamentos continuam, estão previstas 60 novas presas e 24 grandes barragens, e já contamos 150 em Galiza, quando em Astúrias o parlamento paralisou os desejos das hidroeléctricas, com uns interesses que são incompatíveis coa próxima aplicação da Directiva Marco da Água. Lembrar que em EE. UU., Alemanha, Reino Unido e Franza desmantelaram mais de 500 presas para fomentar o desenvolvimento rural, turístico e ambiental (dados tomados de www.rios-vivos.org).

- O património é uma construção social, ideado por alguém num momento histórico concreto, de acordo com os seus interesses e fins (veja-se Prats, Llorenç, Antropología y patrimonio, Barcelona, 1997). A pregunta imediata que devemos formular-nos é se temos motivos para manter a cultura fluvial, dos significados e da utilidade -como símbolos para representar uma identidade- que a sua conservação reporta para o presente e as gerações que nos seguem.



Recomendamos completar a informação em:
http://www.galeon.com/sloren/index.htm
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