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O rio Ulha em Ponte Ledesma
No rio Minho localizamos uns noventa portos fluviais, fronte a seis pontes quando começa o século XIX (Rábade, Lugo, Porto Marim, Belesar, Ourense e Castrelo) que chegam a oito ao final da centúria (somam Ombreiro e Tui). A estima das barcas de passo é considerável na história igualmente em outros rios menores do Noroeste Ibérico.
No rio Sil, afluente do Minho -de mais largura que este e ao que aporta um maior caudal-, ainda se lembra a barca de passo da Cancela, estando documentadas embarcações de passagem em Querenho, Coedo, Viloira -propriedade dos concelhos de Viloira e do Barco-, Arnado, Penouta e Valência em Valdeorras. E também barcas menores por Quiroga, em Figueiredo, Sequeiros, no porto de Penadola, Castelo, Sao Clódio e Torbeo, sendo lembradas hoje as barcas de Mancebico, Recubao, Nocedo, Castro de Abaixo e Cubela. Comunicando a Terra de Caldelas com Lemos anotamos as barcas dos portos de Diligunte, Paradela -em tempos da ponte arruinada, passo perigoso onde eram precisos oito homens para governar a barca em tempos de enchentes-, e finalmente as de Gudim, Porto Brosmos, São Tomé, Xábrega, a muito utilizada de Santo Estevo -Entrambas Águas-, São Cosmede, Pombeiro e Cuitelo, além de Terrom e Ambas-Mestas que enlaçam os rios Sil, Minho e Búbal nos Peares. No Bibei, afluente do Sil, aparecem documentadas embarcações em Peites e Bolado, e temos lembranças da barca de Casares; e também da do lugar da Barca, onde o rio Cabe se achega ao Sil .
Igualmente afluentes do Minho são o Avia, com barcas em Paços de Arenteiro, Lebosende, Bieite e Beade; e o Arnoia, em Mirós, Barco da Balsada e Sande.
No rio Límia ou Lima, em São Mamede de Grou, Mirós (Entrimo) e Reloeira tinham embarcações. E no Támega, que desagua ao Douro, a presença de topónimos -Porto do Rio, Barca, Cortinha do Barqueiro- indicam lugares de passo no passado, e são lembradas barcas em Tamaguelos e Rabal, e seguiam por Chaves e Vila Verde da Raia.
O passo do Eu era em chalana em Santo Tirso de Abres, e também com lancha em Rio Trabada como passagem menor. No Sor temos passo em chalanas em Ínsua de Arriba e Ínsua de Abaixo, e também na Tronca, um rio pelo que conduziam balsas de madeira amarrada para O Barqueiro.
No Eume localizamos embarcações de passagem em Rebordochao, Lagares e As Fontes; no rio Mandeo contam uma lancha de passo em Chelo (freguesia de Queirós); no Xalhas em Ponte Ézaro e Arcos; no Tambre houve barcas de passo na Barca (Berreo), em Chaiam -até 1972, uma das derradeiras da Galiza-, A Milharada e Porto Mouro (Val do Dubra).
Do rio Ulha destacamos a grande capacidade da barca de Sarandom -até três parelhas de gado com carro-, a de Carcacia -com quatro remos, portando três toneladas de carga de madeira-, e a da Areosa -deslocando quarenta pessoas-, e menores em Gundiam, Abeigondo, Arnego e Marquesado, rio arriba. E no Úmia temos um passo de entidade em Baiom.
© Fonte: Olga Gallego Domínguez, As barcas e os barcos de pasaxe da provincia de Ourense no Antigo Réxime, Ourense, 1999; e documentação própria de Barcas do Minho.
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Trinta rios navegáveis e uma façanha no Návia
Descoberta a grande riqueza de embarcações, com balsas no Minho e Sor, jangadas no Támega, canoas monóxilas no Sil -conhecidas como dornos, das que deriva o barco de dornas, de duplo casco e com grande expansão pelo Noroeste Ibérico-, dos cabos ou sirga no Minho e no Ulha, da ponte de barcas no Minho entre Goiam e Vila Nova de Cerveira... E assim anotamos os mais de trinta rios com navegação na Galiza, pois também no Neira e Sarria houve barcas de pesca e de sacar areia, assim igualmente no Masma; pesca no Landro, pequenas barcas de passo no Lérez ou no Návia; e no Ouro, Asma, Búbal (afluente aqui do Támega) barcas de passeio para o tempo de lazer.
E rematamos trazendo à memória uma proeza do rio Návia por Astúrias, que ao igual que o Minho no ultimo tramo -desde Tui, e ocasionalmente Salvaterra à foz- e em menor medida no primeiro -com base no porto de Cela- apresenta navegação longitudinal. Desde Porto, concelho de Coanha, iam pelo rio até Grandas de Salime para transportar madeira, uns sessenta quilómetros que o convertem no maior deslocamento fluvial do Noroeste peninsular. Assim até criaram uma copla que recolhe a façanha: "Os chalaneros de Porto merecem que los convide, porque subem as chalanas mais arriba de Salime".
Barcas de recreio no Sil, no Barco de Valdeorras
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